quinta-feira, 28 de outubro de 2010

armário dos restos

(hoje, aqueci, no micro-ondas, o meu almoço de peixe-espada frito com arroz de tomate e cenoura. depois de comer, li o jornal enquanto não tinha trabalho. no P2 vinha um longo artigo sobre a única surrealista portuguesa e tive vontade de ir tomar um cafezinho com ela. quando cheguei a casa, quis ver se encontrava algum poema da mulher que rapava o cabelo em Lisboa. Usei o Google. O primeiro que me apareceu foi este e não é nada surrealista. Muito simples. Quase banal, até. Não fosse pela palavra restos e não o transcrevia.)

Tu já me arrumaste no armário dos restos
eu já te guardei na gaveta dos corpos perdidos
e das nossas memórias começamos a varrer
as pequenas gotas de felicidade
que já fomos.
Mas no tempo subjectivo
tu és ainda o meu relógio de vento
a minha máquina aceleradora de sangue
e por quanto tempo ainda
as minhas mãos serão para ti
o nocturno passeio do gato no telhado?
(Isabel Meyrelles)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Han Shot First @ Teatro Taborda

Inspiração Star Wars, efeitos especiais, Diogo Bento e Inês Vaz a prometerem ser eles próprios: eis os ingredientes de Han Shot First que esteve em reposição no Teatro Taborda este fim-de-semana. É coisa para nos deixar a barriguinha cheia: um enorme gozo (que apenas se torna cruel quando o nosso lado mongo dá sinal de si e diz, no meio das gargalhadas, 'cuidado, isto pode ser tudo muito sério')

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Agora Agora Agora Agora (como se piscasse num néon)

Apanhar o eléctrico 15 na direcção de Algés. Sair na última paragem e olhar em frente. É aí que se situa o CAMB onde está patente até 27 de Fevereiro a exposição Século XXI - Anos 10.
- Olha filho, é feito de cotonetes.
- Que nojo. e continua a brincar com um balão.
- Se fossem para ti é que já não estavam assim tão limpinhos, não. Com a merda que tu deitas das orelhas...


(discurso sobre Can you hear me de João Pedro Vale)

Em destaque, o trabalho de Gabriel Abrantes. Podem ver-se algumas pinturas, uns bonecos de trapos gigantes com ténis new balance e as curtas-metragens Olympia I e Olympia II onde se confunde erotismo, perversão e inocência.
"Vi numa revista da Vogue uma recriação de outra pintura do Manet e eu, ah isto fazia um filme porreiro"

- Vá, vem-te embora daí - diz a mesma mãe para o mesmo filho.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Janis Joplin, outra vez

uma rapariga ouve um disco de Janis Joplin, repetidamente, sem se cansar, enquanto o irmão tenta ler Mao. Cry Baby, há quarenta anos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Bonnie and Clyde - Arthur Penn

Some day they will go down together,
And they will bury them side by side,
To a few it means grief,
To the law it's relief,
But it's death to Bonnie and Clyde




Bonnie and Clyde é acção no seu estado mais puro: quer acção signifique tiros, perseguições policiais, assaltos a bancos e sangue, muito sangue, quer signifique uma loira a apaixonar-se por um bandido de olhos claros, armada e de charuto a pousar para uma Kodak ou um casal perfeito com problemas na cama.

( a Arthur Penn)