(o seu neto foi assassinado pelo neto doutra mas o que dói mais é ver que o chapéu de chuva daquela mulher velha não a protege da água toda que cai). Lola é um mergulho numa noite de inverno sem frio nenhum. Nada é cru como são estas frases. Um belíssimo filme, com uma respiração octogenária, cada cena a seu tempo apesar do ritmo nunca abrandar. A câmara persegue incansavelmente as personagens que se deslocam por uma Manila cinzenta. Aquilo que poderia tornar-se numa desgraça inultrapassável é, ali, o isco que se tem para dar sentido à vida. A televisão ligada atrás de um ombro musculado (crédito ou débito?) podia até ser vista como um sinal de normalidade, ou símbolo do trabalho. A outra velha também anda à chuva e são incontáveis os pormenores brillantes de Mendoza. As avós, iguais entre si. E os americanos que se entusiasmam num comboio rural a filmar o miúdo que nem vestido está, iguais a quem?
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